Um dia em trânsito. Acordei ainda em Jeddah, em casa do Hani. Tinha comprado um bilhete de autocarro para Medina. Na operadora nacional saudita, a SPTCO, que basicamente detêm o monopólio deste tipo de transporte. No país basicamente só os pobres, os idosos e algumas mulheres usam autocarros. Por isso encontram-se ambientes algo estranhos nas estações e as viaturas são antigas e desconfortáveis. Nada que não se possa usar, mas um pouco abaixo dos padrões.
Já o comboio que liga Jeddah a Medina e Meca é, segundo parece, bastante bom. Na realidade é um comboio de alta velocidade. Mas o sistema web da empresa é uma miséria e conseguir comprar bilhetes online pode ser missão impossível. Depois de estar dois dias a tentar, para mim, foi.
A partida era ao final da manhã mas sem nada para fazer segui mais cedo para a estação, com muita calma. O tipo do Uber era super simpático. Ao chegar, olhei para trás e vi que o telemóvel tinha-me resvalado do bolso e se aprestava para ficar no banco de trás do carro. Isso é que seria uma coisa bonita! O que só mais tarde descobri foi que o meu power bank também se tinha escapado e ficado por lá. O que me causou muitos transtornos ao longo do resto da viagem. É que o meu pobre telemóvel já tem uma idade considerável e não se aguenta um dia inteiro com a mesma carga. Às vezes apenas umas horas. E pelas características desta viagem, telemóvel era mesmo essencial.
A embarcar para Medina, problema: o tipo pergunta se sou muçulmano. Como não, então para falar com o supervisor. Desafio seguinte, encontrar o supervisor. Comunicação impossível, ninguém fala a mesma língua. Dou com ele mesmo à hora da partida e lá se resolve. Actualmente Medina pode ser visitada por não muçulmanos mas o funcionário não devia estar actualizado.
Foi uma viagem longa e sem história, feita ainda mais prolongada pela paragem para rezar e comer. Depois mais outra para casa de banho. E por fim Medina.
Por esta altura já não tenho carga no telemóvel. Felizmente na sala de espera da SAPTCO existem fichas e lá ligo, para uma carga lenta prolongada.
Tinha feito uma reserva para um hotem manhoso que não me estava a deixar muito descansado: não havia comunicação e a morada indicada parecia estar errada. A última coisa que queria era andar a esta hora – e já era tarde, de noite – à procura de um hotel perdido.
Decidi fazer reserva noutro sítio e arriscar ser cobrado a dobrar por uma noite. No fim os outros tipos deixaram passar e acabei por chegar a um local bem simpático. Quarto maravilha, o melhor alojamento de toda a viagem. Silencioso, moderno, confortável. Ideal para carregar baterias durante uns dias e foi o que aconteceu.